Origem e desenvolvimento da A.S.I.
" Atualmente, a Análise Estatística
Implicativa (A.S.I) designa um campo teórico centrado sobre o conceito
de implicação estatística ou mais precisamente sobre
o conceito de quase-implicação para distinguí-lo
do de implicação lógica dos domínios da lógica
e da matemática.O estudo deste conceito de quase-implicação,
enquanto objeto matemático, nas áreas da probabilidade e
da estatística, permitiu a construção de ferramentas
teóricas que instrumentam um método de análise de
dados. Impõe-se assim o constato de que as raízes epistemológicas
deste conceito se alimentaram de questões que surgiram principalmente
de um outro campo : o da didática da matemática. Historicamente,
uma das questões abordadas diz respeito a ênfase de níveis
de complexidade de exercícios de matemática propostos à
alunos que pode ser enunciada da maneira seguinte :
R " se um exercício é
mais complexo que um outro, então todo aluno que resolve o primeiro
deveria também resolver corretamente o segundo."
De uma forma mais específica, Régis
Gras, (Gras, 1979) 1
tinha concebido a priori em 1976 uma taxonomia de objetivos cognitivos,
quer dizer uma préordem parcial entre competências esperadas
do aluno no decorrer da aprendizagem e do funcionamento operatório
dos conceitos matemáticos. Por exemplo, nesta taxonomia "
Escolha e ordenação de argumentos " precederia a "
Crítica da argumentação e construção
de contra-exemplos " e sucederia a " Realização
de algoritmos simples" A partir de diversos testes constituidos de
variantes de exercicios apresentados a alunos de nível fundamental
2 (13 à 15 anos), ele esperava a validação a priori
desta taxonomia. Sob a forma de um grafo orientado sem ciclo, a organização
dos desempenhos observados deveria permitir o estudo da adequação
da taxonomia à preordem restituida por esse grafo e, acessoriamente
o estudo das distorções ligadas a dois métodos de
ensino diferentes. Todo professor, assim como todo pesquisador em didática
da matemática, sabe pela prática pedagogica ou pela observaçao
que contra-exemplos aparecem nas situações observadas com
relação às hipoteses levantadas sobre o desempenho.
Uma ferramenta estatítica tornava-se assim necessaria para avaliar
e representar as quase-regras desveladas da contigência à
partir da base dos resultados obtidos 2
Retornado-se ao enunciado R supra-citado, ele exprime
uma regra que é observada raramente de um ponto de vista restrito.
Ele não pode assim ter o estatuto de um teorema no sentido definido
na área da matemática. Entretanto, ele se inscreve plenamente
no quadro paradigmático da relação de implicação
estatística que é o objeto central dessa obra e onde as
regras se exprimem sob a forma : " Se observa-se a, então
observa-se geralmente b ".
Ao longo dos trinta ultimos anos, o desenvolvimento
teórico da análise estatística implicativa foi principalmente
estimulado por uma dialética entre prática e teoria, em
uma tensão entre dois quadros : estatística aplicada à...
e estatística matemática. Em diversos domínios do
conhecimento cientifico, tais quais a didática da matemática,
a psicologia, a sociologia, a bio-infromação, etc, dados
construídos foram submetidos a este método de análise.
Essa aplicação mostrou a eficiência do método
na sua capacidade a fazer emergir propriedades que outras abordagens não
permitiam, mas ela também permitiu mostrar seus limites suscitando
assim novas problemáticas, em torno do conceito-objeto da quase-implicação.O
raciocínio que fundamenta a interpretaço dos resultados
da análise estatística implicativa é essencialmente
de natureza estatística e probabilística. Este modo de raciocínio
se inscreve em uma perspectiva impulsionada pelo desenvolvimento do pensamento
estatístico, do espírito estatístico.
Uma parte importante do desenvolvimento da análise estatística
implicativa origina-se assim dos trabalhos conduzidos, dirigidos ou
impulsionados por Régis Gras desde os anos 70. Mas igualmente
dos encontros internacionais sobre a Analise Estatística Implicativa
(IUFM de Caen em 2000, Université PUC à Sao Paulo em 2003,
Université de Palerme em 2005, Université de Castellon
em 2007) onde discussões e debates permitiram o desenvolvimento
da teoria e uma abertura a uma variedade de aplicações.
A ampliação do desenvolvimento da A.S.I. também
encontrou seu apoio na assistência informatica pela criação
de um software designado pelo acrônimo CHIC (Classification Hiérarchique,
Implicative, Cohésitive) do qual Régis Gras inicia a programação,
retomada em seguida pelas teses de Saddo Ag Almouloud3et
de Harrison Ratsimba-Rajohn4
e cujo desenvolvimento atual é pilotado por Raphaël Couturier5."
Para ASI6 queríamos também nos confrontar a dois desafios
teóricos que surgiram dos debates durante o colóquio em
Palerma: quanto à natureza contínua do espaço dos
indivíduos? Quanto à estrutura a posteriori deste espaço
ao tomar em conta das contribuições dos sujeitos nessas
estruturações próprias obtidas pela ASI sobre o
conjunto das variáveis?
Extraido do livro :
Notes :
1
Gras, R. (1979). Contribution à l'étude expérimentale et
à l'analyse de certaines acquisitions cognitives et de certains objectifs
didactiques en mathématiques, Thèse d'Etat, Université de Rennes
1.
2
A nosso conhecimento, nenhuma outra taxonomia, por exemplo a mais célebre
a de Bloom (Taxonomy of Educational Objectives, 1956), de onde se inspirou
R.Gras, não foi testada e validade através de métodos
estatisticos comparaveis.
3
Ag Amouloud, S. (1992). L'ordinateur, outil d'aide à l'apprentissage
de la démonstration et de traitement de données didactiques, Thèse
de doctorat de l'Université de Rennes 1.
4
Ratsimba-Rajohn, H. (1992). Contribution à l'étude de la hiérarchie
implicative. Application à l'analyse de la gestion didactique des phénomènes
d'ostension et de contradiction, Thèse de doctorat de l'Université
de Rennes 1.
5
Couturier, R. et R. Gras (2005). CHIC : Traitement de données
avec l'analyse implicative, Extraction et Gestion des Connaissances,
Volume I1, RNTI, Toulouse : Cépaduès Éditions, 679-684
Demais livros sobre A.S.I. :
Orus P., Zamora L., Gregori P. (Eds) (2009) Teoria y Aplicaciones
del Analisis Estadistico Implicativo, Universitat Jaume-1, Castellon
(Espagne)
Régnier J.C., Gras R., Spagnolo F., Di Paola
B. (Eds) (2011) Analyse Statistique Implicative: Objet de recherche
et de formation en analyse des données, outil pour la recherche
multidisciplinaire. Prolongement des débats. QRDM Quaderni
di Ricerca in Didattica - GRIM ISSN on-line 1592-4424, Palerme:
Université de Palerme.
https://sites.unipa.it/grim/QRDM_20_Suppl_1.htm
Régnier J.C., Bailleul, M., Gras R.(Eds) (2012)
Analyse Statistique Implicative: de l'exploratoire au confirmatoire.
ISBN 978-2-7466-5256-9 Caen : IUFM de l'Université de Caen.
Gras R., Régnier J.-C., Marinica, C., Guillet F.
(Eds) (2013) Analyse Statistique Implicative. Méthode
exploratoire et confirmatoire à la recherche de causalités.
Toulouse: Cépaduès Editions
http://www.cepadues.com/pages/Livre/Livre.aspx?ID=745
Régnier J.C., Ag Almouloud, S., Gras R.(Eds) (2013)
Analyse Statistique Implicative. Cadre théorique et applicatif
pour lexploration sémantique et non symétrique des
données. São Paulo : PUC/PPGEM
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